terça-feira, 23 de junho de 2020

Regência

Você estava certo. Minha autossuficiência não foi embora.
Ela nunca irá. Ela sou eu e eu sou ela;
é como sei ser e não me privo ou me abandono de mim mesma.

Ela me permite ser de mim e eu me permito ser dela,
sem acordo ou tráfico de reféns.
Somos parceiras, cúmplices e mais companheiras do que
muitos casais que pretendem ser quando fazem votos no casamento.

Eu e ela somos inseparáveis. Não há qualquer tipo de
relacionamento sem ela assim como não pode haver
qualquer tipo de relacionamento sem eu mesma.

Eu e ela somos personalidade;
às vezes narciso olhando para o próprio espelho,
às vezes amor próprio,
às vezes como sabemos ser, às vezes defesa do ego.
Porém, em todas as vezes, somos consciência e somos paz.
Somos mais do que aceitação. Somos desejo de convívio.
Somos por amor e somos imaculadas.


Completude

Me tornei tão dona de mim que consigo entender se você quiser partir, sem me imputar culpa.
Tantas possibilidades poderiam caber nessa frase.
Poderia ser minha responsabilidade; ser franca demais para outro alguém.
Poderia ser sua; enxergar quem sou e não querer ficar ou não ter estrutura ou não querer me enxergar.
Com certeza motivo suficiente, para mim, teria em você ir embora. E você não iria me deixar.
Não se deixa quem já é inteiro.

O campo de qualquer relacionamento perpassa decisões, quiçá a última delas, em que a responsabilidade é convertida em culpa.
Não há culpa na gente. Não há sequer algum sentimento de arrependimento ou remorso de como deveria ter feito ou desfeito.

Me tornei tão consciente de mim que de nada mais me arrependo.
Me faço com imensidão, faço com pretexto, faço como penso que deva ser e sem pesar em mim.
Faço sem culpa, sem remorso, sem exagero de outrém. Faço o que é meu.
Me assumo.

Então, meu bem, se você for embora, saiba que ainda irei te olhar com carinho. Não lhe imputarei culpa. Entenderei se de alguma forma eu for demais para você agora.



Houve um tempo de intensidade. Tudo ruiu. Houve outro tempo, de vazio. Nada ficou.
Então houve conhecimento de mim, de meus pensamentos e meus objetivos.
Nisso houve paz, calmaria. Houve plenitude.

Hoje não me troco por nada. Não me faço ninguém além de mim mesma.
Rio dos meus defeitos, reparo meus erros sem me mortificar, aprendo dia após dia como ser alguém melhor. E isso não me basta. Isso me transborda.

Acredito que a vida tenha diversos sentidos, propósitos. O sentido mais precioso da vida, de longe em perspectiva, é saber quem você é.
De lá você se vê, de lá percebe, de lá multiplica.

O que for diferente de você é apenas diferente e tem um propósito para ser diferente. E isso não te fere. Isso não te diz respeito enquanto qualidade de pessoa.
O que te diz respeito nada mais é qual versão de si escolhe vestir no dia-a-dia.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Um ponto

Um ponto conta tanto.
Um ponto conta quanto conta;
conta quanto a gente conta;
conta um ponto e tanto quando conta.

Cada ponta quando conta
desponta o ponto enquanto conto;
conto quando a conta monta,
quanto o conto monta o ponto.

Porquanto é quando o ponto conta
e a ponta aumenta tanto o conto
que quanto mais o conto monta
mais conta de quem aponta o ponto.



sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Romance

Sou romântica para comer. Cheiro.
Gosto de comer pelas beiradas, aguçar o paladar e lançar a expectativa.
Tenho orgasmos gastronômicos.

Tudo com que me identifico faço drama, romanceio, dou voltas e retorno ao ponto G para o clímax do sabor.

Descobri que também sou uma delícia. Parafraseando Caetano em "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é", achei que só eu poderia saber, ou ao mínimo dar início a valorização da essência extraordinária, pessoal e intransferível (como escrito nos cartões de crédito), concernente à auto imagem.

Hoje me sinto tanto que posso expandir sem deixar faltar e influenciar negativamente.
Meu único atual receio é de me encontrarem, amarem.
Vai que alguém me ama mais do que eu.
To tão bem assim, em ótima companhia, bons livros e algumas folhas de papel em branco, lápis e tintas.

Satisfiz-me.

Além,
percebi que sou romântica com que gosto, provo e aprovo.
A partir daí notei que estava sendo romântica comigo mesma.
Essa foi a prova real que me refiz, aceitei e amei.

Sou romântica incorrigível.


Narciso

Eu que tanto queria alguém igual a mim, encontrei um exemplar perfeito.
Vi meus amores em posições reordenadas, medos em cadeias desenfreadas;
Livro aberto, remetendo às associações desorganizadamente enfileiradas.
Cópia renegando direitos autorais, iria mostrar-se. Dito e feito.

Cheguei a conclusão que não me suporto nos outros.
Dentro da convivência pacífica cabe apenas um exemplar do narciso.
Não tenho vocação pra relação objetal.

Como ouvi recentemente: "Que seja oposto pelo vértice a mim".


Assim seja

Sei quem é; ser pensante, pessoa que sente.
Mas o drama acontece, se pressente.
Então deixo pra lá, pra depois vir me explicar.
A paciência já me agride pra hora de encerrar.

Quanto tempo perdido no medo, ansiedade,
sem devolver metade do que fora investido.
Nem insisto no quesito de amar sem partilhar,
porque agora estou pensando mais em mim,
na saúde, coisa boa que me faz.

Se não quer, tá bem. Se quer, também "Amém".
Que se faça o melhor que pode ser.
Na batalha da alma já perdi a conta dos por quês.
Mais um estresse, dúvida, preocupação;
angústia que não espera o momento da resolução.
Chega de confusão mental por quem não pensa igual a mim.

Preciso é saber que no fim mais vale momentos bons do
que mil chorando pelos cantos na ideia do errado.
Enfim o desfecho foi dado pelo fato que o fardo que
carrego não é mais meu, pertence ao passado.

Amém!


quarta-feira, 11 de maio de 2016

Meu

Você é um universo inteiro; É completo, é conciso, é singular.
Apreendi de ti e sem demora gostei das tuas estrelas,
Das tuas galáxias, mágicas, observei irradiando centelhas,
E de você inteiro fiz o retrato perfeito que quero sempre olhar.

É espontâneo meu sorriso quando contemplo sua dinâmica;
Os planetas, como seus olhos, são meus vícios: de sonhos, repleto;
Tua pele: a gravidade que me puxa pra perto;
Tua magnitude: teu gênio que permanece sempre em minha panorâmica.

De mim você desata multidão: Toda a persona em curiosidade, anseios e gratidão.
Ainda de mim, diferente de muitos, desata o reverso;
Antes apenas meu agora também seu universo.

Você é um universo inteiro.


Regência

Você estava certo. Minha autossuficiência não foi embora. Ela nunca irá. Ela sou eu e eu sou ela; é como sei ser e não me privo ou me aban...