segunda-feira, 1 de abril de 2013

Móvel

Abrir caixas é desenterrar passados; arquivos mortos.
Abrir a janela é aceitar a chuva de críticas.

A quantidade de gavetas que não queremos abrir é congruente com a de janelas que não serão abertas?
O espaço é contabilizado de medo, receio, perda, dano e do que pode entrar para preencher o espaço antes desperdiçado.

O que guardamos são nossos maiores temores.
Dívidas com nosso próprio Eu por não solucionar pendências.

Os dias correm. As caixas que eram miúdas transformaram-se gavetas que trancamos a chave.
Me refiro a segredos tão bem protegidos que preferimos não tocá-los, aprisionando o Eu.

A proporção do medo condiz com o tamanho do cofre;
De armário de madeira para metal, o que se vê é a camuflagem.

O espaço da felicidade se encolhe, vai compactando para o ajuste do cômodo.
Preciso de mudanças! - exclama o dono do imóvel.

Este arruma o quarto. Renova o ambiente. Deixa o ar entrar pela janela.
Afasta as cortinas. A chuva bate e molha o carpete; Continua trazendo o frescor de aroma do campo. O lar está arejado. O coração está limpo de mágoas e rancor.

Plantou-se o amor.

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